sábado, 30 de julho de 2011

Estamira

Não, não é um “trocadilo”, Estamira morreu.
No anoitecer da última quinta (28/07).
Não foi entre os “restos” e “descuidos” de Gramacho
[O lixão virou aterro]
Não foi vendo o céu azul sendo cortado pelo vento
Que levantava papéis e sacolas a dançarem com os urubus.
Foi no Hospital Miguel Couto, na Zona Sul do Rio
“Infecção generalizada”
A família acusa negligência
A Secretária de Saúde nega
A mídia ainda fala da morte de Amy Winehouse, e de outros 'astros' que morreram aos 27.
“a terra suja ridicualizou os homens”
Sim, Estamira.
“do que adianta? sabe ler, sabe escrever e não sabe o quê”
Sim Estamira.
“valoriza o que se tem, quanto menos as pessoas têm, mais eles menosprezam, mais eles jogam fora”
Sim, Estamira.
“bonito é o que fez e o que faz, feio é o que fez e o que faz (...) a incivilização que é feio”
Sim Estamira.
Assim como a protagonista do documentário do Marcos Prado
Diariamente pessoas morrem nos hospitais públicos
Muitas dessas, vítimas do descaso e do descuido
Que ocorrem antes, durante e depois da morte
“Eu, Estamira, sou a visão de cada um”
Valter Rodrigues nunca duvidou Estamira!
Estamira para sempre, “para todos e para ninguém”.
Compartilho da dor da querida Kueyla
E vou pensando nesse “controle remoto superior”
Nas coisas concretas de algum “esperto ao contrário”
Mas, “tudo é abstrato, Estamira também é abstrato”.



Fonte: Denise Viana

Um comentário:

Aberta à críticas:

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