sexta-feira, 29 de abril de 2011

IBOPE: 17,5 milhões de brasileiros são vegetarianos





Segundo pesquisa do IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística), 9% da população brasileira é vegetariana. A pesquisa foi realizada entre agosto de 2009 e julho de 2010 com 18.884 pessoas, comparando os hábitos de consumo de homens e mulheres. A pesquisa chega para comprovar o que os vegetarianos já sentem em seu dia a dia: o vegetarianismo vem crescendo muito no Brasil.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

A revanche


Fonte: FAILblog

Crônica do Amor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.

Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no
ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a
menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama
este cara?

Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim. 

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Proposta de amor libertário

Proposta de amor libertário > Em 1976, o psicoterapeuta e escritor Roberto Freire tomou como base a letra da música de O Seu Amor, de Gilberto Gil, para a discussão da sua proposta de amor libertário. "O seu amor/ame-o e deixe-o livre para amar/O seu amor/ ame-o e deixe-o ir aonde quiser/ O seu amor/ame-o e deixe-o brincar/ame-o e deixe-o correr/ ame-o e deixe-o cansar/ame-o e deixe-o dormir em paz/O seu amor/ame-o e deixe-o ser o que ele é".

Na música de Gil, é ressaltada a ideia de que o verdadeiro ato de amor é o que garante a quem amamos a liberdade de amar, além e apesar de nós e de nosso amor. Ele acredita que apesar de muita gente considerar que essa ideologia amorosa é pura utopia, quase todos sonham com essa possibilidade. 

“Pessoalmente é tudo o que desejo: o meu amor, além de amá-lo apenas do jeito que gosto, deixo-o livre para amar do jeito que gosta, até mesmo além e apesar de mim. Procuro pessoas que também amam assim. Tem sido difícil, mas acabo sempre por encontrá-las. É fascinante, assustador, maravilhoso, doloroso, prazeroso, novo, imprevisível, incontrolável, rico, maluco, romântico, caótico, aventureiro.”, afirma Freire, um dos pensadores mais libertários que já existiu neste país.

Trecho do livro Na Cabeceira da Cama, de Regina Navarro Lins


Fonte TwitLonger

E aí, Coelhinho da Páscoa?

O que é a Páscoa para você? Ressurreição de Jesus? Passagem da escravidão para libertação? Do inverno para a primavera? Tanto faz. Isso são criações humanas.
Seres humanos gostam de nomear e dar um significado a tudo, até a coisas que talvez nem existam.
Significado que nem eles mesmos sabem da onde vem, e do porque existem. Significados que passam por gerações e ninguém nunca questiona.
Você comemora a Páscoa? Por que? Te ensinaram que se deve fazer isso, mas você talvez nunca tenha se perguntado do porque estava fazendo tal coisa. É difícil ter uma autonomia de pensamento dentro de uma cultura em que te dá de bandeija tudo o que deve ser feito e seguido, sem reclamações ou alterações, sem protestos ou questionamentos. Você deve fazer o que falaram que você tem que fazer desde pequeno.
Pense bem no por que você comemora. Esses significados que você acha tão profundo, para outros são meramente sem sentido e vice-versa. Você teme algo que não vê. Você diz sentir algo que talvez seja sua imaginação. Eu posso achar você um louco, ou apenas mais um na multidão. Não me julgue mal, não estou dizendo que estou certa e vocês errados e nem ao contrário. Afinal, essa relatividade é o "X" da questão.

Pense sorrindo [5]

 

sábado, 23 de abril de 2011

Livre

O Gil e a Marisa já sabe
Ter posse não é amar de verdade
Veja bem, você é de quem?
Eu sei que eu não pertenço à ninguém

O Nando já disse, Caetano também
Não é preciso ser o dono para amar alguém
Eu já sei, não vou discutir
E você? Ainda quer pertencer a mim?

Eu digo: não, eu não sou capaz
De escolher o que você faz
Eu quero sexo, eu quero amor
Com carinho e sem pudor

Ah, Raul e sua maçã
Devorá-me também
Eu sei quem sou e para onde vou
Eu não preciso provar o meu valor

Daniela Mercury e Chico Buarque
Os artistas de toda parte
Viu? Eles já sabem
Livre: esse é o amor de verdade

Milto Nascimento, Ultraje a Rigor
Simone, e tantos outros que não sei o nome
Você sempre quis, é o que você deseja
Não ter apenas uma cereja

Mergulhe fundo sem medo de se afogar
Deixe seu corpo solto
Deixo-o livre para amar
Amar a todos e sem dominar

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Mulher que 'dá' na primeira noite… essa é pra casar.

Foto do autor
por Marcelo Passos
em 09/01/2011 às 7:01 | Artigos e ensaiosSexo

Primeiro eu gostaria de dizer que essa é uma conversa de homem pra homem. Aquela que nosso pai deveria ter tido com a gente. Se você prefere ficar vendo tirinhas engraçadas, vídeos que serão esquecidos em minutos ou fofocas na Internet, pode parar por aqui.
Mesmo que esse texto seja desnecessário para muitos homens, é possível que haja leitores PdH ainda desavisados, então vamos direto ao ponto.

“Puta x mulher pra casar”? Pense de novo.

Desde pequeno, por meio de novelas e filmes de Hollywood, nossa mente foi programada com a seguinte ideia: mulheres são princesas delicadas que devem ser amadas e cuidadas. Qual é o problema com essa frase? Nenhum. Isso tudo é verdade, mas somente metade. Mulheres são princesas, emocionais e delicadas? Sim. Mulheres são safadas, sedentas por sexo e pensam nisso tanto quanto e às vezes mais do que os homens? Sim! Mas infelizmente essa informação não foi programada na nossa mente durante a juventude, resultando agora em uma dinâmica bem curiosa.
Eu sempre achei que quando uma mulher transava na primeira noite ela era uma pessoa sem valor. Quem nunca pensou dessa forma que atire a primeira pedra! Se você ainda pensa assim, continue lendo e provavelmente vai mudar de ideia.

"Fala na minha cara que eu não presto."
Durante muito tempo a sociedade determinou que as mulheres deveriam ser criaturas santas. Ao contrário dos homens que podiam beber, trepar e se acabar em todo tipo de atividade ilícita, deveriam ficar intocadas, puras, inocentes. Mulheres que transavam antes do casamento eram consideradas “sirigaitas” – e nenhum homem jamais queria saber delas para casar.
Isso tudo fez com que algumas mulheres se tornassem quietas e comportadas em relação ao sexo. Ao mesmo tempo em que isso acontecia, algo muito mais forte e incontrolável rolava por dentro da mente (e da saia) feminina. Ao reprimirmos as mulheres de se expressarem sexualmente, a parte animal e instintiva da mulher criou um desejo enorme e um tesão espantoso por essa coisa tão proibida: sexo.
Essa programação da sociedade funciona tanto para elas, quanto para alguns de nós, homens, que achamos que mulheres deveriam ser puras e imaculadas.
Mulher é um ser humano assim como nós. Parece até bobo falar tamanha obviedade, mas infelizmente ainda é preciso. O fato de você sair para a balada e comer uma garota na mesma noite quer dizer que você é um imprestável, prostituto, sem caráter? Claro que não. Mulheres gostam de sexo da mesma forma que nós, se não mais!

Por que às vezes elas não transam no primeiro encontro

Se juntarmos as peças desse quebra-cabeça, poderemos concluir que muitas mulheres adiam o sexo não porque elas não gostam, são de família ou querem nos deixar excitados, mas pela mera razão de que se transarem de primeira podem criar uma imagem negativa. De fato, quando transam com uma mulher logo de cara, vários caras realmente pensam que ela não presta (e incrivelmente não aplicam a mesma lógica para si mesmos).
"Cigarro na sua boca é charmoso; na minha é nojento?"
Espero que vocês estejam acompanhando meu raciocínio porque tudo que eu disse até agora é baseado puramente na lógica e porque a próxima conclusão que podemos tirar disso tudo pode ser arrebatadora.
Muitas mulheres não transam de primeira porque estão presas pelos padrões da sociedade e precisam manter a imagem de garota de família. Portanto, aquelas que transam logo de cara são garotas que não se deixam influenciar pela sociedade. Livres, espontâneas, aventureiras, confiantes, seguras… mulheres pra casar.
Pare por um momento para digerir essa ideia e tudo que ela implica. Pense na quantidade de vezes que você julgou errado uma mulher por causa disso. A boa noticia é que agora você pode mudar isso e pensar direito, com bom senso em vez de senso comum.

Bom senso: elas adoram e sempre pedem mais.

Bônus: lembrete aos desavisados

Para os que estão namorando e que no sexo tratam a mulher com afagos e carinhos, sempre preocupados se ela está confortável e sentindo tesão, aqui vai uma dica de ouro, já bem explorada no PdH: mulher adora ser dominada na cama, adora ser chamada de puta, cachorra e todos os nomes obscenos que você possa imaginar. Elas gostam de um homem que não faça amor com elas, mas coma e meta com vigor, pois na cama é o único lugar onde elas podem se abrir completamente e ficar cara a cara com sua sexualidade.
Mulheres gostam de ser comidas de todas as formas, com direito a tapas, puxadas de cabelo e mordidas. Comece a fazer essas coisas sem medo e delicie-se com o resultado.
Para evitar mal entendidos, explicito o óbvio: a putaria e o vigor só fazem sentido em meio a muito respeito, apreciação, cuidado, interesse, amor. Abrace-a, diga o quanto você a ama e o quanto ela é importante para você. Ela precisa saber que você a respeita, de verdade.
Agindo assim, meus amigos, facilmente vocês se transformarão no homem dos sonhos de toda e qualquer mulher.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Desabafo: O Brasil e as experiências não vividas


Uma das coisas que mais me deixa irritada, é em relação ao excesso de conhecimento que evitamos procurar. E me parece que quanto maior a polêmica, menos se faz questão de pensar.
A polêmica em questão é sobre o autor do Massacre de Realengo, é comum ver comunidades de redes sociais o chamando de louco, doente, assassino, etc. E recentemente o programa de TV o declarou como sendo um portador de esquizofrenia. E este, é o ponto da minha revolta.
Recuso-me à acreditar que alguém nasce com ‘alma de assassino’ à simples espera de um fator desencadeante. Isso pra mim é ridículo. Prefiro chamar isso de desvio de responsabilidades. Justificamos como doença mental uma paranóia criada por nos. E isso é comum na sociedade em que vivemos, falamos que culpa do governo aquilo que não exigimos, entre outros. O ponto em que quero chegar é que, excluímos por toda a adolescência uma pessoa, negamos o que ela tenha sofrido na infância, causamos traumas, insultamos, humilhamos. O sujeito armazena isso tudo em forma de rancor, ele planeja e explode da forma que ele considera que limpa sua ‘alma’. E ainda temos a cara de pau de chamá-lo de doente. Doente somos todos nós, essa sociedade, seu sistema econômico, os padrões exigidos por nós. Desumana é nossa sociedade. E quando aparece um indivíduo não convencional excluímos e destruímos com eles. Pior de tudo, ficamos chocados e arrasados quando ele devolve.
Não quero que pense que tendo justificar os atos daquele homem, tento apenas explicar, e mais, quero alertar. Por que após este, só pode vir coisa pior por aí. Sei que daqui uma semana (ou menos) ninguém mais irá lembrar-se do acontecido. Não ha como curar as feridas criadas, mas temos nas mãos o poder de evitar o próximo.
O contrário do que possa aparecer, não acredito no homem como um produto dos meios. Mas alguns ‘meios’ não nos da escolhas, e é aí que os extremos ocorrem. Aprender a respeitar o outro como um ser pensante e diferente, passar isso pra nossas crianças é a solução pra todos os problemas de nossa sociedade (das guerras até o consumo de drogas). O ser humano é capaz de tudo, de criar à destruir. Mas enquanto o 'eu' for mais valorizado que o 'nós', não seremos nadas. Só iremos reproduzir e criar dor.
Fica a dica. Leiam mais, comparem as leituras. O ‘como?’ e o ‘onde?’ não é mais importante do que o ‘por que?‘. Ninguém nasce 100% mau ou 100% bom. São densos os fatores que nos levam a ser qualquer coisa.

@LigaHumanista Secular do Brasil lança sede virtual no dia do jovem (13/04)








Cerca de um ano e meio após a ideia da LiHS ter surgido e um ano e dois meses após sua fundação, temos o orgulho de anunciar que abriremos nossa sede virtual, nosso doce lar como associação. O endereço escolhido é
Simples e fácil de lembrar. Este tempo foi necessário: antes de receber visitas, arrumamos a casa. E o Bule Voador, nossa “fachada”, está prestes a atingir 70 mil visitas mensais: tivemos uma casa grande para arrumar, portanto.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Pense...

O que pensar de homofóbicos que se dizem ATEUS e ao mesmo tempo fundamentam (sem perceber, eu acho) o seu "posicionamento político" na moral cristã? Será esse mais um paradoxo da juventude? Será que indicar a leitura de algumas obras de Nietzsche, para uma melhor compreensão da moral cristã adiantaria? Ou a leitura da bíblia, quem sabe. O que pensar? o que fazer? o que, meus caros?

Nada contra os homofóbicos. Penso que, como seres gregários que somos, membros dessa sociedade que preza tanto pela democracia (ou ensaio do que será a humanidade, como já dizia o saudoso Milton Santos), temos sim o direito de emitir juízos sobre o que quer que seja ( isso é liberdade de expressão), lembrando, é claro, que o RESPEITO deve nortear ás nossas ações para com o outro (principalmente para com o desconhecido que nos ronda e por vezes nos assombra). Enfim, podemos e devemos manisfestar nossa opinião acerca dos variados temas que nos cercam, inclusive temas que dizem respeito ás escolhas dos outros. Não gosta disso? Tem nojo daquilo? Não gosta do jeito de fulano? Não foi com a cara de fulana? ÓTIMO! O mundo seria uma grande merda se todos nós fôssemos totalmente iguais. O que devemos tentar amenizar é a imbecilidade que muitas vezes fazemos questão de nos tornarmos refém. Se quer se posicionar, posicione-se! mas lembre-se de que isso implica uma prática cotidiana que deve ter coerência com as suas idéias.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Aurélio

Ela não deve ficar aqui
Ela não pode se divertir

Ela fez muita coisa errada
Mas quem definiu o que é certo?
Ela fez coisa muito injusta
Mas quem definiu o que é justo?

Aurélio ajude-a

Ela sente como se todos a julgassem
Ela sente que eles não gostam de quem ela é
Ela sente que fazer o que ela quer não é bom
Mas quem definiu o que é bom?

Aurélio, por favor, ajude-a

Ela não deve fazer o que ela quer
Ela não pode fazer o que ela quer

Ela se sente só
Sexo trás companhia e a deixa feliz
Mas lhe disseram que isso é errado
Quem definiu que isso é errado?

Mas Aurélio não a ajuda

Não sabe se usa, ou se é usada
Não quer fazer mau a ninguem
Só esta tentando se sentir bem
Diga-a, quem definiu o que errado?

Ela deve se comportar
Ela pode se difamar

Ninguém acredita que ela esta só
Ninguem acha que ela se senti só
O corpo é dela, ela faz o que quer com ele
Mas isso é um erro, outro erro

Queria poder ajuda-la
Dizer que eles não pensam nada disso de dela
Mas eles são "caretas", são selvagens
Não si importam com o que ela sente

Ela deve se controlar

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O Brasil não tem primeira emenda

O Brasil não tem liberdade de expressão.

Muito pelo contrário, a lei brasileira pode chegar ao ponto de impedir um estudante de criticar um professor, um comediante de contar piada, um político de soltar um xingamento, ou mesmo uma pessoa qualquer fazer um comentário no twitter racista ou machista.
A situação é mais séria quando um jornal é impedido de publicar matérias investigativas sobre possível corrupção praticada pela família Sarney, ou a relação de algumas empreiteiras com Gilberto Kassab, e quando não se pode tocar em candidatos políticos (veja e.g. aqui sobre como até o óbvio pode ser censurado, ou aqui para ver como debate entre políticos tem que ser feito com exagerado cuidado).
Mas todos esses casos de gravidade variada caem dentro de um problema amplo dos oficiais do Estado brasileiro, desde a pequena instância até os Supremos e Superiores tribunais: a falta do valor moral de proteção à liberdade de expressão sem limites*.
Sim, sem limites.
Em primeiro lugar, não é papel do Estado julgar ou regular o que as pessoas dizem. É certo que eu posso achar um comentário no twitter ou uma opinião de um político inapropriada, exagerada, sem educação; mas não é papel do Estado definir que palavras são aceitáveis e quais não são, que tom de linguagem é aceitável e qual não é, que opinião é apropriada e qual não é. Se alguém quiser ser chulo e emotivo, outras pessoas podem julgar por si mesmas o material.
O que aconteceu com os brasileiros? Onde ficou o mote da revolução da democracia de que posso não concordar com nada do que dizes, mas defenderei até a morte o direito de dizê-las?
O Brasil vive uma censura velada em que não se pode emitir opinião sincera sobre figuras políticas. Isso só serve a manutenção de status quo e intimidar as ações oposicionistas e de minorias.
Um exemplo é o caso dos estudantes da UnB que duas vezes se viram vítimas de professores inescrupulosos que vão até a justiça eliminar críticas aos seus métodos de ensino (e ainda ganham a causa!). E não vem ao caso aqui se o método do professor é bom ou não e se a carta dos estudantes é ou não justa. Vixe, se alguma opinião pré-formada eu tenho sobre isso é a de achar que os professores tem maturidade para saber o que fazem e os alunos tem imaturidade para achar que sabem. Mas independente de quem está “certo” a respeito de como a disciplina deve ser ensinada, uma coisa é clara: os alunos deveriam ter o direito de expressar sua opinião sem serem recriminados por isso. As decisões dos juízes de Brasília machucam a democracia brasileira, estabelecem uma posição privilegiada para um grupo de pessoas que nem sequer foram eleitas democraticamente e impede o diálogo sobre ensino dentro da universidade.
No caso de candidatos políticos, qualquer pessoa no Brasil deveria ter o direito de expressar sua opinião sobre o plano político socioeconômico, a vida pessoal, e quaisquer outras características ligadas a um político às vésperas das eleições. Afinal, se qualquer coisa o debate para as eleições quer atingir é convencer que uma pessoa pode estar mais qualificada que outra. Se eu quiser escrever um texto explicitando todas as razões porque é uma péssima ideia votar em X ou se eu simplesmente quiser tuitar “X é um aproveitador”, eu devo ter o direito guardado pela constituição de dizê-lo, mesmo que X se sinta ofendido.
Não cabe ao Estado validar tampouco que assertivas são verídicas e que assertivas são falsas – até porque o Estado nem sequer tem o aparato humano e intelectual para fazer isso. Derrubar sites da Internet com dizeres a políticos que são potencialmente falsos é uma atitude claramente perversa de salvaguardar a eleição de um político ao invés de servir ao bem estar público de acesso a informação. Se a informação for falsa, cabe ao leitor avaliar, e esse é o preço que nós devemos admitir em pagar para não deixar o Estado delimitar com leis pré-1780 o que é ou não a opinião “certa”, ou a forma “certa” de expressá-la.
O melhor que o Estado faz pelo bem social amplo não é defender o interesse privado de pessoas que se sentem ofendidas com declarações públicas, e sim garantir que qualquer declaração pública possa ser feita.
É certo que é chato ficar comparando a sociedade brasileira a outras, mas aqui é meio inevitável: nos EUA, nenhum desses casos se quer iria a julgamento, porque na audiência preliminar o juiz com probabilidade igual a 100% iria dispensar o caso com base na Primeira Emenda da Constituição estadunidense de 1791.


Fonte: Bule Voador apud Ars Physica

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