quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Pense [2]

Bule Voador

Primavera digital chega ao fim

O debate político brasileiro vive um momento tenso e contraditório. Embora seja inegável o salto qualitativo propiciado por uma maior penetração de blogs não-corporativos nos dois ou três últimos anos, certos vícios que caracterizaram a atuação de setores da blogosfera no período cobram, enfim, o custo de sua incongruência.
Pertence à lógica mais elementar, inescapável, a conclusão de que se o governo Dilma impinge ao país, neste momento, um duríssimo choque anticíclico – como não se viu igual sequer no turbulento início da presidência de Lula, herdeiro da “herança maldita” tucana – o faz porque há um grave problema com as contas deixadas pelo ex-presidente. Negar a evidência de um pronunciado déficit equivale a incorrer em desonestidade intelectual em nome de interesses político-ideológicos [1].
E distorcer os fatos em nome de tal modalidade de interesses é precisamente a acusação que, de forma muito justa, é recorrentemente feita contra a mídia corporativa. Portanto, os blogueiros que apoiam incondicionalmente o governo, não importando quão grave sejam as medidas que este toma, não estão se apercebendo do risco de se igualarem ao “Pig” que tanto criticam.
Dicotomias burras
De minha parte, estou cheio dessas divisões absolutistas e maniqueístas entre nós (os puros) e eles (os corruptos), PT x PSDB, blogosfera independente x mídia corporativa, Lula x FHC, Brasil x EUA. Que me desculpem os fanáticos, mas o mundo não é em preto e branco.
Também me encheu o simplismo fácil com que se usa o termo multiuso PIG (Partido da Mídia Golpista) como explicação para todos os males que nos afligem, como se uma atividade complexa e que envolve milhares de profissionais pudesse ser sempre, inapelavelmente, em qualquer contexto, associada a um rótulo jocoso que não poucas vezes tem servido de bode expiatório e de desculpa para que a esquerda deixe de olhar para seu próprio umbigo e reconhecer seus erros e contradições.
E, por fim, embora considere Lula, disparado, o melhor presidente que o país já teve, não estou disposto a consentir com seu processo de canonização e mitificação, em pleno andamento, e que o presume um ser perfeito, imune a mancadas ou erros e isento de responsabilidades, com uma manada feroz atacando, a la Inquisição Espanhola, quem ousa fazer qualquer restrição ou crítica. Ora, uma das grandezas maiores de Lula, tanto no espectro político quanto humano, é precisamente ter aprendido com seus erros e derrotas e a partir deles se aprimorado para se tornar o excelente presidente que foi e o notável ser humano que é. Santificar Lula, na verdade, o diminui, ao invés de engrandecê-lo.
Cai na real, blogosfera
Não bastasse essa crise ética que se manifesta em setores da blogosfera e os torna similar, em dissimulações interesseiras, à mídia corporativa que tanto critica, Dilma Rousseff, após ter dispensado, por conta do episódio da licença Creative Commons no MinC, um tratamento no mínimo desrespeitoso aos ativistas digitais que tanto a apoiaram, presta-se ao lamentável papel de voar de Brasília para São Paulo para prestigiar, ao lado de toda a fauna tucana, os 90 anos da publicação que mais decaiu eticamente no Brasil na última década, a ponto de dar voz a um aloprado que “denunciou” Lula como estuprador e de estampar ficha policial falsa da pré-candidata Dilma na capa. E compareceu à festa na capital paulista sem um mísero pedido de desculpas em troca.
Ante a reação indignada de setores da blogosfera contra esse autêntico tapa na cara dos que, gratuita e dedicadamente, tanto lutaram pela candidatura Dilma e contra a mídia corporativa que a Folha representa, a reação foi um histérico cala-a-boca, seguido de tentativas grosseiras de desqualificação do interlocutor. Mal posso acreditar que depois de todos os escândalos e absurdos de um jornal que denunciei implacavelmente, vivi para ver alguns petistas igualarem-se a Marcelo Tas e elogiar a Folha por gozar as próprias mancadas. Foi um espetáculo doloroso.
O “argumento” dos que defendem incondicionalmente a presença de Dilma na Barão de Limeira? Não era a pessoa Dilma Rousseff quem lá estava, mas a presidenta. Trata-se de uma premissa duplamente falaciosa: em primeiro lugar, porque não é possível dissociar uma de outra, e foi uma presidenta esquerdista, ex-guerrilheira, de um governo vilipendiado pela imprensa que o povo brasileiro elegeu. Em segundo porque não há razão objetiva nenhuma para um presidente prestigiar a festa de um grupo privado de comunicação, ainda mais sendo este um dos principais responsáveis pela derrocada ética do jornalismo brasileiro. Se Dilma acha que com esse gesto angariará a leniência dos Frias então estamos mesmo perdidos.

Momento é de Desencanto
A nova presidente fez sua opção, e é pela mídia corporativa. Seu desprezo pela militância virtual que a ajudou a eleger-se é evidente e mesmo se algum desagravo vier a público nos próximos dias será meramente reativo, prêmio de consolação. O simbolismo do gesto da presidenta acabou por transferir a crise, da imprensa para a blogosfera.
Foi, como disse, um tapaço na cara da blogosfera – o qual, espero, derrube nossa auréola, faça-nos despertar e sair da bolha de certezas e auto-congratulação em que muitos de nós nos metemos. Aliás, uma das coisas mais assustadoras no maravilhoso mundo não tão novo dos blogs é seu excesso de certezas e escassez de dúvidas, o seu sem-número de opiniões mas sua carência de embasamento.
De minha parte, neste momento de desencanto, sinto o que o momento é de voltar aos livros, buscar na sabedoria de longo prazo que só eles oferecem inspiração e subsídios para entender mais esse tremendo retrocesso da esquerda brasileira.
Eduardo Guimarães afirmou ontem que perdeu muitos negócios por conta da dedicação a seu blog e à militância virtual; eu, para me dedicar a esta e a este espaço bem mais modesto, não perdi dinheiro, mas adiei o lançamento de livros e diminuí minha produção como autor acadêmico. É momento de rever prioridades e de aquietar meu lado militante e minha identificação com movimentos e partidos. Este blog continuará, mas com uma pauta mais diversificada e com textos mais leves, fiel à paixão ao jornalismo, ao cinema e à cultura em geral.
A despeito de seu triste e revoltante final, foi gratificante tomar parte da primavera digital. Mas, como diz a canção, todo carnaval tem seu fim.
[1] No que concerne especificamente a tais problemas de caixa, a minha crítica não é a Lula por tê-la deixado – isso fatalmente aconteceria no bojo de um crescimento expressivo da economia, ainda mais em ano eleitoral -, mas à retomada da ortodoxia neoliberal promovida por Dilma para lidar com a questão, priorizando uma vez mais o mercado e o grande capital – em detrimento de assalariados e desempregados – ao invés de adotar medidas menos traumáticas, alongando o perfil do pagamento da dívida e fazendo valer o poder de barganha que o Brasil, ótimo pagador, angariou nos últimos anos. Porém, o próprio esforço dos que não admitem nenhuma crítica a Lula ou a Dilma para negar o buraco no caixa é sintomático do quão contaminados estão por premissas do ideário neoliberal no que tange à administração da macroeconomia do país. É a prova da presença insidiosa do neoliberalismo em mentes que se crêem de esquerda.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Misfits anuncia três shows no Brasil

Banda punk se apresenta no Abril Pro Rock e Virada Cultural em abril


Foto: Divulgação
O grupo de punk rock Misfits, conhecido pelas canções com temática de horror, como zumbis e alienígenas, anunciou em seu site oficial três shows no Brasil em abril. O primeiro acontece no dia 15, em Recife, durante o festival Abril Pro Rock, logo seguido por uma apresentação na Virada Cultural de São Paulo, em 16 do mesmo mês. O local da terceira apresentação, marcada para dia 17, permanece indefinido.
Fundado em 1977, o grupo contou com a liderança do vocalista Glenn Danzig em seus primeiros seis anos de existência, período em que o músico assina quase todas as composições da banda, marcado por clássicos como "Astro Zombies", "Last Caress" e "Attitude" - as duas últimas foram regravadas por artistas como Metallica e Guns N' Roses, respectivamente.
Com a saída de Danzig, em 1983, teve início uma série de disputas judiciais pelo direito de utilizar o nome Misfits, reivindicado por seu outro fundador, o baixista Jerry Only. Assim que a briga acabou, Jerry reformulou a banda e lançou em 1995 o álbum "American Nightmare", com uma nova formação que durou até 2000.
A partir daí o próprio baixista assumiu os vocais e transformou o Misfits num trio, com Dez Cadena, do Black Flag, na bateria, e Marky Ramone, dos Ramones, na bateria - posteriormente substituído por Robo, que já havia tocado na banda em seus primórdios.
O último trabalho em estúdio do grupo é o álbum de covers "Project 1950", de 2003, que conta com clássicos do rock como "Diana", de Paul Anka, e "Great Balls of Fire", de Jerry Lee Lewis, em versões punk.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

A Teoria das Janelas Partidas

Em 1969, na Universidade de Stanford (EUA), o Prof. Phillip Zimbardo realizou uma experiência de psicologia social.   Deixou duas viaturas abandonadas na via pública, duas viaturas idênticas, da mesma marca, modelo e até cor.
Uma deixou em Bronx, na altura uma zona pobre e conflituosa de Nova York e a outra em Palo Alto, uma zona rica e tranquila da Califórnia.
Duas viaturas idênticas abandonadas, dois bairros com populações muito diferentes e uma equipa de especialistas em psicologia social estudando as condutas das pessoas em cada sítio.
Resultou que a viatura abandonada em Bronx começou a ser vandalizada em poucas horas.   Perdeu as jantes, o motor, os espelhos, o rádio, etc.
Levaram tudo o que fosse aproveitável e aquilo que não puderam levar, destruíram. Contrariamente, a viatura abandonada em Palo Alto manteve-se intacta.
É comum atribuir à pobreza as causas de delito. Atribuição em que coincidem as posições ideológicas mais conservadoras, (da direita e esquerda).
Contudo, a experiência em questão não terminou aí, quando a viatura abandonada em Bronx já estava desfeita e a de Palo Alto estava há uma semana impecável, os investigadores partiram um vidro do automóvel de Palo Alto.
O resultado foi que se desencadeou o mesmo processo que o de Bronx, e o roubo, a violência e o vandalismo reduziram o veículo ao mesmo estado que o do bairro pobre.
Porquê que o vidro partido na viatura abandonada num bairro supostamente seguro, é capaz de disparar todo um processo delituoso?
Não se trata de pobreza. Evidentemente é algo que tem que ver com a psicologia humana e com as relações sociais.
Um vidro partido numa viatura abandonada transmite uma ideia de deterioração, de desinteresse, de despreocupação que vai quebrar os códigos de convivência, como de ausência de lei, de normas, de regras, como que vale tudo.
Cada novo ataque que a viatura sofre reafirma e multiplica essa ideia, até que a escalada de actos cada vez piores, se torna incontrolável, desembocando numa violência irracional.
Em experiências posteriores (James Q. Wilson e George Kelling), desenvolveram a 'Teoria das Janelas Partidas', a mesma que de um ponto de vista criminalístico, conclui que o delito é maior nas zonas onde o descuido, a sujidade, a desordem e o maltrato são maiores.
Se se parte um vidro de uma janela de um edifício e ninguém o repara, muito rapidamente estarão partidos todos os demais.
Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isto parece não importar a ninguém, então ali se gerará o delito.
Se se cometem 'pequenas faltas' (estacionar-se em lugar proibido, exceder o limite de velocidade ou passar-se um semáforo vermelho) e as mesmas não são sancionadas, então começam as faltas maiores e logo delitos cada vez mais graves.
Se se permitem atitudes violentas como algo normal no desenvolvimento das crianças,  o padrão de desenvolvimento será de maior violência quando estas pessoas forem adultas.
Se os parques e outros espaços públicos deteriorados são progressivamente abandonados pela maioria das pessoas (que deixa de sair das suas casas por temor aos gangs), estes mesmos espaços abandonados pelas pessoas são progressivamente ocupados pelos delinquentes.
A Teoria das Janelas Partida foi aplicada pela primeira vez em meados da década de 80 no metro de Nova York, o qual se havia convertido no ponto mais perigoso da cidade.
Começou-se por combater as pequenas transgressões: graffitis deteriorando o lugar, sujidade das estacões, ebriedade entre o público, evasões ao pagamento de passagem, pequenos roubos e desordens.
Os resultados foram evidentes. Começando pelo pequeno conseguiu-se fazer do metro um lugar seguro.
Posteriormente, em 1994, Rudolph Giuliani, mayor de Nova York, baseado na Teoria das Janelas Partidas e na experiência do metro, impulsionou uma política de 'Tolerância Zero'.
A estratégia consistia em criar comunidades limpas e ordenadas, não permitindo transgressões à Lei e às normas de convivência urbana.
O resultado prático foi uma enorme redução de todos os índices criminais da cidade de Nova York.
A expressão 'Tolerância Zero' soa a uma espécie de solução autoritária e repressiva, mas o seu conceito principal é muito mais a prevenção e promoção de condições sociais de segurança.
Não se trata de linchar o delinquente, nem da prepotência da polícia, de facto, a respeito dos abusos de autoridade deve também aplicar-se a tolerância zero.
Não é tolerância zero em relação à pessoa que comete o delito, mas tolerância zero em relação ao próprio delito.
Trata-se de criar comunidades limpas, ordenadas, respeitosas da lei e dos códigos básicos da convivência social humana.
Perante a quantidade de mentiras e explicações medíocres dadas por alguns dos nossos  Governantes, directores de instituições educativas, chefes e líderes comunitários sobre este assunto, é bom voltar a ler esta teoria e em seguida difundi-la.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

"MATERIAL RECICLADO-COLETÂNEA PUNK ROCK HARDCORE"


O Tosco Todo-Selo de Divulgação acaba de lançar para download free a coletânea "MATERIAL RECICLADO-COLETÂNEA PUNK ROCK HARDCORE"com as bandas Horda Punk (SC), Cama de Jornal (BA), Repúdio C.G. (MS) e a banda feminina Blas Fêmia (BA).

São 30 sons do mais puro punk hc!!!

E em breve o selo estará lançando o mesmo material em CD com encarte colorido impresso em gráfica e CD pintado.
Por enquanto é isso...baixe o arquivo, conheça as bandas e curta a tosqueira!!!



O link para o download já está disponivel: http://www.megaupload.com/?d=8IJE8EFN

Nem, Tosco Todo - Selo de Divulgação


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...