quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Sim, sou feminista!

Esse texto da Ateia de Bom Humor descreve muito bem o que eu já senti. Por muito tempo não me afirmei como feminista por muitos dos motivos descritos abaixo e, também por um questão da etimologia da palavra. Mas minha conciência pós-beauver me fez ver o feminismo como mais que uma questão de tentar ser um homem mas poder ser o que quiser (inclusive um dona de casa). Outra coisa bem relatado, é o fato de total incoerencia de alguns ateus e ateias que justificam o comportamento feminino da mesma forma que muito conservadores.


Tem coisas que nos parecem tão óbvias que dispensariam comentários, mas de vez em quando percebo que para outras pessoas não é tão óbvio assim. Por isso resolvi abordar o assunto, para não haver dúvidas.

É comum que mulheres independentes tenham medo de se manifestar publicamente sobre o assunto, porque a palavra feminismo no Brasil me parece bastante mal compreendida. E a imagem que se tem de uma mulher feminista é extremamente distorcida.

Historicamente falando, as conquistas das mulheres por igualdade é muito recente. O direito de voto (Sufrágio Feminino – Wikipédia) foi conquistado pela primeira vez em 1893, na Nova Zelândia, ou seja há menos de 120 anos. No Brasil só foi efetivamente conquistado em 1932, menos de 80 anos atrás. Até 1962 (menos de 50 anos), pela lei brasileira, uma mulher casada só podia trabalhar fora com a autorização por escrito do marido. Só em 1988 (há 23 anos) é que o homem deixou de ser considerado o “cabeça do casal” (ver esse link para mais detalhes). Lembro muito bem do tempo em que uma mulher precisava da autorização do pai dos seus filhos para poder viajar com eles, mas o inverso não era necessário (sic!).

Estou apontando estes fatos para rebater um argumento frequente, o de que hoje as mulheres não podem mais se queixar de “desigualdade”. Não é bem assim. Um condicionamento milenar não acaba em uma ou duas gerações. A mentalidade ainda permanece, tanto entre os homens como entre as próprias mulheres.

Uma pergunta comum é porque há poucas mulheres no ateismo, por exemplo. Uma das explicações é que socialmente ainda é mal visto quando uma mulher bate pé por suas opiniões e posicionamentos. Espera-se que a mulher ceda, seja diplomática, não confronte. Ser afirmativa e sustentar as suas opiniões é considerado “não-feminino” muitas vezes, até mesmo em ambientes ateistas.

Ser tachada de feminista no Brasil muitas vezes equivale a ser vista como pouco feminina, raivosa, uma mulher que odeia homens, etc. Por isso acredito que muitas mulheres independentes financeiramente não se assumem como tais.

Falando de mim mesma, eu não odeio homens, muito pelo contrário. Sou casada há muito tempo e acho muito bom. E conheço vários homens que não são machistas. O feminismo não é uma guerra contra os homens; na verdade muitas vezes beneficia os homens, tirando deles algumas cargas. Por exemplo, meu marido se aposentou, e todos sabem que o valor das aposentadorias vai diminuindo gradativamente. Nos antigos moldes, ele teria que continuar trabalhando para manter a renda familiar num certo patamar. No nosso caso, eu continuei trabalhando com aulas particulares de inglês e sueco, complementando assim a nossa renda; em troca ele assumiu a cozinha, até porque os meus horários dificultam que eu cuide dessa parte. Querendo saber mais sobre nós, leiam este post.

Para mim, feminismo é isso, uma relação em pé de igualdade em que há respeito e admiração de ambas as partes. Suponho que alguns/algumas vão discordar de mim, mas é assim que eu vejo a questão.


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