sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Blogueiras Feministas pela legalização do aborto

No último dia 18, aproveitando a presença de um monte de gente e o sentimento de entusiasmo da Marcha das Margaridas, houve uma plenária em Brasília da Frente Nacional contra a Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto. A iniciativa reúne diversas entidades, como a Marcha Mundial de Mulheres, a CUT, a UNE, a Articulação de Mulheres Brasileiras, PSOL, etc. E agora, as Blogueiras Feministas fazem parte dessa lista: fizemos nossa adesão oficial à Frente. Digo oficial, porque a gente já vem fazendo e difundindo esse debate na lista de emails, no blog, nas redes sociais, etc.
Faixa pela legalização do aborto na Marcha das Margaridas. Foto de Tica Moreno/Flickr da MMM

Durante a reunião, foi divulgado o estudo “Advocacy para o acesso ao aborto legal e seguro: semelhanças no impacto da ilegalidade na saúde das mulheres e nos serviços de saúde em Pernambuco, Bahia, Paraíba, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro”. O trabalho foi desenvolvido pelo Ipas Brasil e pelo Grupo Curumim, em parceria com organizações do estados estudados. E traz dados para entendermos que a criminalização do aborto não é apenas uma forma de criminalizar as mulheres, retirando o direito da mulher ao próprio corpo. É uma forma de criminalizar as mulheres negras e pobres.

O aborto clandestino é um problema principalmente para as mulheres pobres, que têm menos acesso a clínicas e a bons profissionais. Além de ser realizado em condições inseguras, os maus-tratos no atendimento nos serviços de saúde e mesmo o medo de procurá-los torna ainda mais graves as conseqüências de abortamentos, aumentando os riscos de morbidade feminina, da esterilidade e de mortalidade materna.

“O resultado da proibição legal ao aborto é desastroso, pois condena contingentes de mulheres a optar por métodos inseguros para sua realização em condições adversas que representam riscos para a saúde e podem levar a seqüelas físicas e psicológicas”, argumenta o estudo. Dentro disso, os maiores riscos são para as “mulheres pobres, negras, jovens, com baixa escolaridade e com pouco acesso a serviços de saúde de qualidade, tornando-o uma questão de justiça social no Brasil”, continua o texto.

Um exemplo disso vem da Bahia. “Em Salvador, município com 82% de população feminina negra, o abortamento inseguro foi a principal causa de mortalidade materna durante toda a década de 1990, diferentemente das demais capitais brasileiras, cuja primeira causa eram as hipertensões”. No Mato Grosso do Sul, a pesquisa mostrou que a “escassez de ações do Estado e a falta de informações em linguagem acessível para a população indígena sobre questões relacionadas à gestação, contracepção, mortalidade materna e abortamento, possivelmente, coloca as mulheres indígenas no grupo de maior vulnerabilidade em matéria de acesso a políticas de saúde reprodutiva”.



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